Camus e O Mito de Sísifo [3]
“Ao longo de todos os dias de uma vida sem brilho, o tempo nos carrega”. O tempo, na intrínseca relação com a existência humana, costuma ser considerado um carrasco. “O tempo não pára, o tempo atrapalha, o tempo não tem pudor” (Gilberto Gil – estrela azul do céu). O tempo não espera nem respeita a lentidão humana em ser, em fazer, em transcender. O “amanhã”, o futuro, a previsão, o projeto, tudo isto se dá na esfera do tempo, sem que nos demos conta de que, por vezes, somos arrastados por ele, como quem está “atrasado”. Somos todos cônscios de que ao final, tudo terá um ponto final, uma brusca ruptura, uma cisão. A morte é a face oculta do tempo. Todos tendem para ela, dia após dia. O homem “pertence ao tempo” e nessa angústia encontra-se o a sensação do absurdo. Se, por um lado, “a arte existe para que a verdade não nos destrua” (Nietzsche), por outro, revestimos o mundo por uma gama de significados, de símbolos de sentidos, desejosos de que ele não nos seja tão estranho, numa existên...