Ensino da Filosofia (02)


 Pensar é Sentir!
 Os estudantes do ensino médio desejam aprender a filosofar? A nossa sociedade de fato valoriza o raciocínio, a lógica no ato de pensar e o pensamento em si? Se estas perguntas fossem apresentadas aos estudantes do ensino médio, quais seriam suas respostas? O Brasil possui uma cultura de valorização do intelecto, da escrita e leitura e da produção textual? Aquela garota (o) que é aplicada (o) na escola é valorizada pela turma ou é mais fácil tornar-se uma vítima de bullying?
Estas questões ainda estão latentes e fazem parte do macro contexto de discussão, pensamento e debates sobre o ensino da Filosofia no ensino médio no Brasil. São questões mais amplas, gerais que, não obstante o fato de não estarem no foco primário das discussões que compõem os debates sobre a temática, são postos como disparadores temáticos.

O ensino da Filosofia no ensino médio é pensado tendo em mente o olhar sobre a real situação da educação no Brasil. E, quanto a este assunto, até onde somos todos, estudantes e professores, conscientes do potencial dos estudantes? Você sabe o seu potencial? Você sabe o potencial dos seus estudantes? Um professor de educação física sabe o potencial que tem cada estudante seu na sua turma. 

Ele é capaz de saber se Joãozinho ou mariazinha é capaz de dar uma cambalhota dupla. Mas quanto ao potencial intelectual, ele não está dissociado do potencial psicológico e afetivo. E estes estão profundamente conectados com o modo como este estudante vivencia seu dia-a-dia, sua família, seu Eu, ou seja, está intrinsecamente conectado com o universo do estudante. Ninguém consegue raciocinar estando magoado ou com raiva, triste ou preocupado ou ainda mergulhado em ressentimentos.

É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz
pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir

A letra da Filosofia traz consigo uma alma e uma lógica e o estudante de Filosofia é convidado a fazer seu ser dialogar com elas, dando-lhe sentido, o seu sentido, aquele que é construído a partir dos significados da sua história pessoal e das labutas e desafios do cotidiano da sua jovem existência. Por mais clichê que sugira ser, nada disso é possível sem um simples, mas profundo, gostar do saber. 

O professor também é convidado a gostar do saber, por mais paradoxo que sugira ser. Não apenas para transmiti-lo, mas porque este saber lhe capacita a vivenciar a sua experiência de ser humano e de ser social de modo profundo, consciente e ativo. 

Não há necessidade de ser espelho, mas o estudante necessita saber que, ainda que não possua asas, ele pode transcender as cadeias da ignorância. Não há a necessidade de ser Ícaro, mas há a de não temer o vôo nem o salto. Neste processo, não se prescinde da imaginação. Ela potencializa o homem a ser quem de fato é. 

Não quero Sócrates sem Nietzsche, como não quero a história da Filosofia sem Filosofia. Quero o Todo, mas quero também o que se esconde por trás do tênue véu que escapa aos olhares mais incautos. O que está posto, o que é dado não deve sê-lo sem aquilo que perpassa a dinâmica da Filosofia no seu mais recôndito significado.


O véu disse ao olhar: “pare! Não ultrapasse!

Mas, provocava o olho, deixando entrever o que se escondia por detrás de si.
O olho não forçou a entrada, não violentou o véu em seu ser.

Ao contrário, na impossibilidade de atravessar o véu, convidou a Imaginação e esta, a partir dos contornos que o véu deixava ver, produziu realidade esplêndida e sublime. 

O olho afastou-se do véu, contornou a impossibilidade, desvendou-se a si mesmo e viu que o véu, por vezes, nada mais é que uma pálpebra. (autoria)

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