Quem Conhece Mafalda?

Ah! Mafalda!

O criador de Mafalda é o cartunista argentino Quino e sua personagem é caracterizada pela sutil e constante preocupação com a situação em que se encontra o mundo, sobretudo, no que diz respeito à paz mundial, e com a humanidade desfigurada pelos comportamentos destoantes dos indivíduos humanos. Umberto Eco a definiu como “uma heroína iracunda que rejeita o mundo assim como ele é [...] reivindicando o seu direito de continuar sendo uma menina que não quer se responsabilizar por um universo adulterado pelos pais”.

A personagem de HQ iniciou sua tragetória existencial em 1964 e perdurou até 1973, aproximadamente. Historicamente, sabe-se que a América Latina, neste período, quase que inteira estava sob os horrores das ditaduras militares, instauradas na quase totalidade dos países latino-americanos. No Brasil, a ditadura militar instalou-se de 1964 a 1985, sendo que no final já não possuía a agressividade bestial do início. Ao final de suas publicações, sabia-se que Mafalda havia concluido sua missão.

O que afinal a personagem Mafalda tem de incomum que a diferencia das demais personagens de HQ? Particularmente, o meu gosto pela personagem advém da junção de realismo com poesia, de questionamento com realismo sem perder o humor e a docilidade. Os mesmos aspectos encontrados em obras de arte que, ainda que se refira ao trágico, ao atroz, conserva totalmente a natureza artística. São interrogações agre-doces, se assim posso me referi. Algo em Mafalda me faz lembrar o Charles Chaplin, que afirmava preferi ensinar brincando, porque assim seria melhor apreendido.

Mafalda questiona, interroga - atitude filosófica - e nesta atitude consegue descortinar os horizontes de percepção de quem entra em contato com suas tirinhas, dilatando a visão e potencializando a capacidade crítica em meio à mediocridade de que se está cercado. Falar do sério, do estarrecedor e, ainda assim, sorrir sem que este riso seja aquele provocado pela vulgaridade da turba mediana e alienada, transformada em massa de manobra de alguns para o benefício de poucos.


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