Notas sobre Preconceito Religioso e Sociedade

Tolerância: Respeito ao direito que os indivíduos têm de agir, pensar e sentir de modo diverso do nosso.

A Ignorância é matriz do preconceito e da violência e o conjunto de crenças e de valores que se possui pode ser a fonte dos preconceitos mais ferozes e das ações mais vis, fonte esta que é tanto mais profundamente enraizada quanto menos atividade intelectual e quanto menos ciência se possui, ou seja, valores e crenças equivocados possuem uma relação inversamente proporcional ao esclarecimento (Cultura, Instrução, Construção de Ideias).

A Sociedade que não reflete sobre seus valores e crenças tende a ser abortiva, celeiro de frustrações individuais e coletivas e de formação de indivíduos intolerantes, propensos à violência gratuita. A Sociedade que não pensa a si mesma, que possui dogmas intocáveis pela Razão, isto é, inquestionáveis, está inclinada a ser fonte de violência e de desrespeito de alguns grupos específicos, geralmente, considerados menores, mais frágeis, de importância insignificante no corpo social.

Por outro lado, a Sociedade que tem na religião seu fundamento de identificação, inclina-se para o desenvolvimento de um comportamento excludente porque tal sociedade absorve a visão dualista, característico da religião, na qual um modelo é escolhido e tudo o mas é descartado. É o paradigma da moral vigente no Ocidente no qual o heterossexual é escolhido como modelo e o homossexual é estigmatizado e, no Oriente, onde o homem é o paradigma em detrimento da mulher. Nesta, sequer é cogitada a possibilidade do chamado "terceiro sexo".

O Cristianismo, ao contrário do Cristo, é historicamente preconceituoso e justificador de muitas situações de morte e não me refiro apenas às cruzadas e às fogueiras da inquisição, além de suas câmaras de tortura. As mortes pelas quais a Igreja Católica e as demais ditas cristãs, sobretudo, as neopentecostais, são responsáveis hoje são muitas, constantes e diversificadas e atinge um número incalculável de pessoas.

Após a morte de Cristo, duas pessoas são responsáveis pela permanência na história do que hoje se tem por cristianismo: Pedro e Saulo (depois, chamado Paulo). Para aquele, era claro que apenas judeus deviam ser aceitos na nova seita - isto mesmo, o cristianismo já foi considerado uma seita. Para Paulo, no entanto, todos deviam ser contemplados pela mensagem benígna do Cristo. Deste impasse, surge assim o Concílio de Jerusalém, (At.15, 2; Gl. 2,7-8) o primeiro de que se tem notícia.

Ora, Paulo era soldado romano e pagão, perseguidor inclusive dos "cristãos". Este quadro é alterado quando se dá a conversão de Paulo ao cristianismo (apaixona-se por aquilo que detesta) e difunde a mensagem cristã segundo sua cabeça e sua interpretação equivocada, definindo uma posição de submissão e subserviência para as mulheres e o inferno para nações pederastas, a exemplo de Sodoma e Gomorra. Aqui, podem está os germes do machismo e da homofobia atuais.

Encontra-se igualmente em Paulo a justificativa para o menosprezo cristão ao que é diferente, sobretudo no que se refere a outros modos de cultos e de religiões. O mesmo cristianismo pervertido de Paulo parasitou o Império Romano, beneficiou-se inclusive da sua queda, atravessa a Idade Média (Séc. V - XV) como única autoridade e chega aos dias atuais com as mesmas pretensões soberbas e excludentes. Nefasto em sua concepção, equivocado na sua constituição e arrogante em sua auto imagem.

Os atuais alvos das neopentecostais à sobra da Católica são os homossexuais e as religiões afro-descendentes. Citar apenas estas não é afirmar que são os únicos alvos. Estes são apenas os mais visíveis , em suas sombras, existem mais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Niilismo como refúgio e criação.

Quem Conhece Mafalda?