A Morte de José Saramago!

O que faz de um homem o que ele é?

O nosso tempo, sob todas as dimensões, vive sob o paradigma da mediocridade, no qual está mergulhada a maioria das pessoas, sejam elas conscientes disto ou não. Por conseguinte, a morte de um escritor ( me refiro à de José Saramago - 16/11/1922 - 18/06/2010) é sempre um acontecimento estarrecedor para tantas outras mentes pensantes, não porque tenhamos medo da morte, desta, afinal, nenhum medo advém de fato, mas, antes sim, porque o mundo ficará com uma cabeça pensante a menos. O mundo presente perde, portanto, uma mente criativa e criadora, uma mente lúcida e desperta, capaz de fazer denúncias, de proporcionar descobertas, de possibilitar pontos de vistas novos e enérgicos, uma mente capaz de alargar o nosso horizonte de percepção.

O ateísmo de Saramago, considerado demasiado e pernicioso pela Igreja Católica, o principal alvo das suas críticas religiosas, desperta reflexão e intensifica a atitude de pesquisa na sábia atividade de descobrir a verdade sobre tais questões e possuir o conhecimento acerca da
temática. Para Saramago, o pecado é o instrumento de poder da Igreja, com o qual esta domina e submete as mais diversas pessoas. Logo, a Igreja não pretende abrir mão desse poder adquirido, mediante o qual manobra e manipula a existência de diversos indivíduos. Se Deus não existe, sendo este nada mais que "uma criação da mente humana", a manipulação da Igreja é ainda mais vil e ardilosa. Se Deus não existe, não há inferno ou céu, castigo ou prêmio. Quando se perde o medo destas "realidades", torna-se mais livre e sofre-se menos a influência do poder eclesial. (Galeria Cadernos Saramago)

Assim como o filósofo Espinosa, Saramago era cônscio de que a superstição desvirtua o ser do homem, tornando-o contrário a si mesmo e aos outros. Neste estado, o homem é um risco para si mesmo e um "lobo para os demais". Nos comentários sobre a Bíblia, afirmava que esta nada mais era que "um catálogo de maus costumes, um livro que deveria ser mantido longe de jovens e de mentes não esclarecidas, ou seja, longe de mentes incapazes de discernir a verdade das coisas. Na Bíblia, há todo tipo de violência, carnificinas, fratricídios, assassinatos de todo tipo, guerras sangrentas, ciúmes, etc.".

A Igreja Católica atravessou o tempo não por ser um organismo que recebe assistência divina, mas, antes sim, porque soube manipular mentes e pessoas influentes ao longo da história humana. Quando o Império Romano era a potência político-militar de todo o mundo conhecido, ela parasitou o Império e o usou para expandir suas ideologias e seus dogmas nefastos. Quando o Império ruiu, ela permaneceu intocada, com o máximo poder do qual o império não era mais possuidor. Com este poder, a Igreja Católica atravessou a Idade média (século V - XV) como o único poder, acima até dos Reis de então.

O paradigma da mediocridade juntamente com o pecado e a culpa são as armas de que se servem as religiões para dominar e rapinar, para submeter e manipular, para explorar e sujeitar. Além da alienação religiosa, sofre-se igualmente com a ideologia midiática, partidário-política e com a sócio-cultural. Os "demônios" contra os quais devemos defender nossa mente e nossa existência tem nomes conhecidos e, apesar de agirem no silêncio das engrenagens mafiosas, estão visíveis em plena luz solar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Niilismo como refúgio e criação.

Quem Conhece Mafalda?

Notas sobre Preconceito Religioso e Sociedade