Tecnofobia x Tecnofilia


As Tecnologias da Informação como suporte da educação exprimem a natureza da geração atual, composta por jovens que vivem cercados por artefatos tecnológicos que possibilitam sua interação e comunicação com o mundo. Os jovens atuais são cada vez mais cidadãos globais, uma vez que, por meio da internet, não há fronteiras reais que impeçam a comunicação de uns com os outros, que obstruam a troca de informações ou que interrompam a produção conjunta do conhecimento.

A utilização das Tecnologias da Informação na educação traz consigo questões passíveis de reflexão; quer sejam elas de ordem social, nos casos em que o educador não domina o manuseio das tecnologias, quer sejam de ordem prática, nos casos em que o professor limita sua prática pedagógica às ferramentas tecnológicas e, por fim, de ordem ética, nos casos em que são explícitas a cópia, o plágio e a fraude presentes na produção da pesquisa.

Outro questionamento pertinente a este enfoque advém das posturas da visão tecnofóbica e outras geradas pela visão tecnofílica e suas reais implicações na sociedade. Se, por um lado, costuma-se criticar a visão tecnofóbica por sua crença na possibilidade de as máquinas substituir os homens. 

A mesma visão julga que [as máquinas] “serão responsáveis pelo distanciamento destes [homens] e pela perda das relações afetivas” (CASCARELLI, 2006, p. 45). Tal pensamento justifica toda aversão ao uso das tecnologias de informação e de comunicação.

Por outro viés, examina-se igualmente a visão tecnofílica, pois esta promove um “endeusamento” da máquina como possibilidade de resolver todos os problemas, inclusive os educacionais. Ambas as posturas são criticáveis (avaliação), justamente pelo fato de sugerirem atitudes extremadas e unifocais. 

“Ambas as posições atribuem às máquinas aquilo que diz respeito ao humano, ou seja, o bem ou o mal que podem causar. Infelizmente, não é a máquina que oprime o homem, mas o homem que usa a máquina para oprimir o homem, ou seja, o bem ou o mal dependem do uso que faremos dela” (CASCARELLI).

O que se coloca entre as duas posturas transcende a mera discussão da importância do emprego das tecnologias em sala de aula. Transcende justamente porque no enfoque feito sobre esta realidade, uma questão primordial é ofuscada, a saber, o aprofundamento da exclusão social. 

No bojo da demanda, nutre-se a ideia de que é suficiente garantir o acesso às tecnologias para que necessariamente se processe a igualdade entre as pessoas, com oportunidades educacionais iguais. 

Ora, por mais democrática que seja a sociedade, as pessoas que nela vivem não são iguais e não são todas beneficiárias da igualdade de oportunidades.

“Que informações consome um executivo e que informações consome um faxineiro? Serão as mesmas? Qual a relação dessas informações com seu contexto de vida? Que perguntas cada um faz? Quais são suas inquietações? Qual o sei lugar social? Com certeza, na sociedade das informações, teremos produtos informacionais educacionais para diferentes perfis de usuários, mas se esses sujeitos continuarem como meros consumidores de informações, será possível falar em ‘aprendizagem’?” (CASCARELLI, p.46).

Uma das faces desta problemática é o fato de que o mero uso das tecnologias em sala não é garantia da produção do conhecimento e nem de que com isso se esteja potencializando o processo de aprendizagem. O que vai diferenciar no processo é a utilização que o educador fará destes instrumentos.

Obra citada:
CASCARELLI, Carla Viana (org.) Novas Tecnologias, novos contextos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 
tradução da charge:
"Eu amo meu computador porque meus amigos vivem nele".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Niilismo como refúgio e criação.

Quem Conhece Mafalda?

Notas sobre Preconceito Religioso e Sociedade