O Super-Homem Nietzschiano


Um Tempo, Nana Mais!

Estágios de evolução; estágios para a evolução: evoluir, superar-se a si mesmo, transcender a mera forma atual; gerar de si um ‘ser outro’, a mais nova versão de si mesmo, isto é, do homem. Há um profundo e inquietante anseio de conviver entre homens que tenham sido formados a partir de outra perspectiva, de outra educação para o ser, que tenham sido educados, formados, plasmados por uma visão de conjunto, de sentido e ligação com o espírito da terra, da bios, do que é natural e visceralmente terreno, demasiado humano. 

Homens que não tenham sido catequizados por uma quimera e por um sonho que vislumbra constantemente uma terra longínqua, habitada por seres extraordinários e extraterrestres. Seres estes que, segundo os discursos, castigam, perdoam e abençoam os míseros homens. Discursos que falam de “esperanças supra-terrestres” (Nietzsche).

 Ao invés disso, “quero ensinar aos homens o sentido da sua existência, que é o Super-homem, o relâmpago que brota da sombria nuvem homem” (Ibidem). Somente este será amado porque “castiga o seu Deus, porque ama o seu Deus, pois a cólera do seu Deus o confundirá” (Zaratustra).

A compreensão do Super-homem tanto melhor se dará quanto mais o homem do presente for consciente de que ele “é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo” (Zaratustra). Como ser de fronteira, tem diante de si o macro e mínimo de si mesmo para o qual não basta a mera vontade. Todavia, nada do macro lhe será possível caso não assuma ser “um ser de fronteira”. Caso se imagine já um macro, nenhum passo avante lhe será permito. O que se dará é o seu contrário.

O homem é superável. Que fizestes para o superar? Até agora todos os serem têm apresentado alguma coisa superior a si mesmos; e vós, quereis o refluxo desse grande fluxo, preferis tornar ao animal, em vez de superar o homem? (Nietzsche).

Se por ventura perdura o tempo do “camelo” que em si sustenta pesadas cargas, tem tempo no qual prevalece o “tu deves!”, salta à vista o tempo do Leão profundamente caracterizado pela urgência de novos homens, novos fazeres e novos valores. “Criar valores novos é coisa que o leão ainda não pode; mas criar uma liberdade para a nova criação, isso pode-o o poder do leão” (Zaratustra). 

Uma liberdade apenas, um “livrar-se para fazer”, para fazer ao seu modo, ao modo natural, um fazer que seja profunda expressão do ser homem, mas do ser verdadeiro, natural, enraizado na terra, na humanidade, na animalidade própria do seu ser homem. Um fazer desprovido de qualquer aspecto artificial. “para criar a liberdade e um santo NÃO, mesmo perante o dever...” (Zaratustra). (p. 36)

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